OS PRIMEIROS PASSOS DA EQUOTERAPIA
NO PIAUÍ
EQUITAÇÃO:
A equitação é a arte de montar
a cavalo, adestra-lo e prepará-lo, para as
diversas atividades em que ele pode ser utilizado.
Esta arte existe desde os tempos mais remotos e durante
milhares de anos, o cavalo foi um dos animais domésticos
mais útil ao homem. Montado em seu dorso o
homem fez história, declarou e venceu batalhas,
pediu paz, cantou à vida e conquistou seu mais
complicado e verdadeiro amor.
Existem vários métodos de equitação:
cavaleiros e cavalos em perfeito conjunto encantam
todo o mundo por sua elegância e harmonia nos
saltos, marchas e determinação em suas
disputadíssimas corridas. O método que
se propõe esse manual, vem impressionando pela
sua maneira carinhosa de minimizar ou dar esperança
de reabilitação às Pessoas Portadoras
de Deficiência e/ou Necessidades Especiais.
A EQUOTERAPIA:
A equoterapia é um método terapêutico,
paralelo à terapia tradicional, que utiliza
o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar
(equitação, saúde, educação...)
buscando o desenvolvimento bio-psico-social de pessoas
portadoras de deficiência e/ou necessidades
especiais.
BREVE RESUMO DA HISTÓRIA
DA EQUOTERAPIA:
Segundo o pai da medicina ocidental, o grego Hipócrates
de Loo (458 a370 a.C.) aconselhava no seu livro "DAS
DIETAS", a prática eqüestre para
regenerar a saúde e preservar o corpo humano
de muitas doenças e melhoria do tônus
musculares.
Galeno (130 a 199 a.C), consolidador e divulgador
dos conhecimentos da medicina ocidental como médico
particular do Imperador Marco Aurélio, que
era um pouco lento nas suas decisões, recomendou
a prática da equitação como forma
de fazer com que ele se decidisse com mais rapidez.
Asclepíades de Prúsia (124 a 40 a.C.)
também recomendava o movimento do cavalo a
pacientes caquéticos, gotosos, hidrópicos,
epilépticos, apopléticos, letárgicos,
frenéticos e também para os acometidos
de febre terçã.
.
Foi encontrado registro de reabilitações
a cavalo, também na Idade Média e alguns
famosos como Mercurialis (1569); Thomas Sydenham (1681);
Charles S. Castel (1734); Jonh Pringle (1752); Goeth
(1740-1832), reconheceram a eficiência dessa
reabilitação.
Mas recentemente foi retomado o uso do cavalo como
instrumento cinésioterapêutico na reabilitação
das deficiências. Os primeiros paises a se preocuparem
com este tratamento foram os paises escandinavos e
os de língua anglo-saxônica limitando,
porém, esta atividade, a fins recreativos.
A EQUOTERAPIA NO BRASIL:
Em 1988, foi feita a primeira viagem de estudo à
Europa, para aprofundar o conhecimento sobre Equoterapia
e as formas de organização da atividade.
Em 1989, foi fundada a Associação Nacional
de Equoterapia ANDE-BRASIL .
Em 1990, foi realizada a primeira sessão de
Equoterapia com pacientes, na ANDE-BRASIL, com apoio
dos profissionais do Hospital do Aparelho Locomotor
- SARAH.
A ANDE-BRASIL:
A Associação Nacional de Equoiterapia
(ANDE-BRASIL), é uma entidade civil, sem fins
lucrativos, com personalidade jurídica de direito
privado e com atuação em todo o território
nacional, tendo foro em Brasília-DF e dispõe,
em sua organização, do Centro Básico
de Equoterapia General Carracho e da Escola de Equitação
para consecução de suas finalidades.
A EQUOTERAPIA NO PIAUÍ:
A equoterapia começou a ser desenvolvida
em julho de 2002 na polícia Militar do Piauí,
através do Esquadrão de Polícia
Montada - EPMon, que fica situado na zona sudeste
da capital piauiense. A idéia surgiu em 1.998,
com a vontade de alguns policiais militares em implantar
em Teresina, um grupo que pudesse dar assistência
aos portadores de deficiência, como é
feito com sucesso, em outras instituições
de cavalaria, em diversos Estados brasileiros.
O NÚCLEO DE EQUOTERAPIA da Polícia
Militar do Piauí, que funciona no Esquadrão
de Polícia Montada (EPMon), assiste Portadores
de Deficiências e ou Necessidades Especiais,
desde de julho de 2002.
E em virtude da disponibilidades de pessoal e animais,
atendeu até dezembro de 2003, um total 30 (trinta
praticante), oriundos vários bairros de Teresina.
Fonte: EPMONT
EQUOTERAPIA: A terapia que utiliza o cavalo,
em uma abordagem interdisciplinar (saúde, educação
e equitação), buscando o desenvolvimento
biopsicossocial de Pessoas Portadoras de Deficiência
e ou Necessidades Especiais. (ANDE-BRASIL)
A EQUIPE DE EQUOTERAPIA
O ordenograma do Núcleo de Equoterapia da
PMPi, funciona da seguinte forma:
· Supervisão Geral: Exercido pelo comandante
da Cavalaria: Cap. QOPM Valdeney José Pacheco,
com curso de Equitação no Rio de janeiro.
· Coordenadoria Administrativa: Ten QOPM Carmem
Célia da Silva Neves - Curso de Equitação
e Equoterapia em Pernambuco.
· Coordenadoria Técnica: Sgt PM Wellington
Antonio D'Lima - Cursos: em Educação
Física (UESPI); Equoterapia em Brasília-DF
e acadêmico de Méd. Veterinária
(UFPI).
· Fisioterapia: Antonio Hidelgardo Soares de
oliveira - Cursos: Fisioterapia na UNIFOR (Fortaleza-CE);
Especializações em Músculos Esqueléticos
e Cardiorespiratório; Equoterapia em Brasília-DF.
· Pedagogia: Sgt PM Paulo Anselmo da Costa
- Cursos: Pedagogia (UFPI); Equoterapia em Brasília-DF.
· Equitadores: com nível médio
e Curso de Equoterapia em Brasília-DF:
1. CB PM Wellington Pilar da Costa;
2. CB PM Antonio Luis Martins Lopes;
3. SD PM Luis Carlos do Nascimento Lopes;
4. SD PM Luciana Rodrigues dos Santos.
· Colaboradores: (nível médio)
1. SGT PM Francisco das Chagas Pereira Rocha
2. SD PM Osmar Paulo Leandro
3. SD PM Rosemary Maria da Silva
4. SD PM Antonio Djanir Pereira;
5. SD PM Airton do Nascimento Sousa
6. SD PM Osvaldo Cardoso de Morais Filho
7. SD PM Mauro José Araújo de Melo
8. Márcio Rejanio Nunes da Silva
OBJETIVOS DA EQUIPE INTERDISCIPLINAR:
MÉDICO: diagnosticar, prescrever e dá
alta.
PSICÓLOGO: Melhorar a atenção;
a comunicação; o autocontrole; a segurança;
a sociabilidade e os estímulos cognitivos.
FONODIÓLOGO: Avaliar; apoiar, com técnicas
especificas, visando à motricidade oral global;
oferecer recursos alternativos para estimulação
da linguagem.
FISIOTERAPEUTA: Avaliar; Atuar no desenvolvimento:
cognitivo; social; motor; equilíbrio e postural.
PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA:
Aperfeiçoar: a coordenação e
os estímulos biomecânicos; Buscar a melhoria
do condicionamento físico do praticante, como
também da equipe; Proporcionar a adaptação
lúdica e esportiva.
PEDAGOGO: Registrar as "evoluções"
após cada sessão. Contactar; orientar
a equipe e/ou família do praticante.
ASSISTENTE SOCIAL: Pesquisar dados sobre o praticante;
detectar problemas; planejar e executar soluções.
EQUITADOR: Proporcionar o desenvolvimento da coordenação
motora; o relaxamento; a sociabilidade; o afeto e
o carinho através da técnica da equitação.
Auxiliar na reeducação postural.
O PAPEL DO ACOMPANHANTE LATERAL: é desenvolvida
pelos membros da equipe, é de corrigir e manter
o equilíbrio do praticante na sela, ajudando
nas atividades lúdicas, colocando-se sempre
a direita do cavalo. O responsável pela sessão
ficará sempre a esquerda. Haverá sempre
dois ou três acompanhantes para cada paciente,
dependendo do grau de dificuldade de cada um, postados
ao lado do cavalo e um outro com a missão puxar
o cavalo, guiando-o pelo picadeiro. Sempre que for
possível alguém da família poderá
acompanhar o paciente dando-lhe mais confiança,
pois o praticante gosta de sentir-se seguro.
É importante salientar que a interação
do praticante com o animal deva acontecer em um clima
de satisfação e total segurança.
Para que isto ocorra, é necessário adotar
princípios de ambientação e familiarização.
Os alunos da equoterapia devem, acompanhados por membros
da equipe, conhecer as instalações,
baias, como se fossem um passeio turístico,
tornando mais aprazível sua estadia e os contatos
preliminares com o animal também são
indispensáveis.
O MATERIAL utilizado, como: bolas de borracha, aros,
cones, corda elástica, capacetes de fibra,
coletes, devem ficar sempre a disposição
dos professores e equitadores para que atendam a possíveis
variações no plano de aula das seções.
OBJETIVOS DA EQUOTERAPIA
· Proporcionar autoconfiança ao praticante,
através de atividades que respeitem suas limitações
e enfatizem suas possibilidades.
· Realizar atividades que estimulem uma melhor
coordenação, equilíbrio, movimentos
dissociados de tronco e membros, ritmo, consciência
corporal, uma postura ereta e noção
espacial.
· Minimizar os efeitos indesejados da presença
de reflexos tônicos patológicos, através
do uso de posturas-chave e simetria postural.
· Facilitar a harmonia dos movimentos entre
praticante e cavalo, através de intervenções
adequadas.
· Incentivar o praticante a dar o melhor de
si e acreditar que é possível realizar
as tarefas solicitadas, para que a sessão seja
um momento repleto de prazer e descobertas.
· Incentivar a independência do praticante
durante a execução das atividades.
· Proporcionar estímulos adequados ao
praticante visando à modulação
do tônus e ajustes musculares adequados à
situação presente.
· Buscar sempre uma postura retificada e simétrica,
através de atividades que variem o ritmo da
andadura do cavalo e seu percurso, adaptando o arreamento
sempre que necessário
BENEFÍCIOS DA EQUOTERAPIA
A equitação como método terapêutico,
exige a participação física e
psicológica, contribuindo assim, para o desenvolvimento
da força muscular, relaxamento, conscientização
do próprio corpo, auto-imagem, aperfeiçoamento
da coordenação motora e equilíbrio,
desenvolve ainda, comunicação, socialização
confiança em si mesmo e auto-estima.
"No trabalho com pessoas portadoras de
necessidades especiais, qualquer intervenção
precisa ter, como primeiro objetivo, o
desenvolvimento da auto imagem positiva e a
auto-confiança. A partir deste momento, a
pessoa com necessidades educativas especiais,
consegue investir seus melhores esforços na
conquista das metas ou atividades propostas"
Jean Piaget
O INGRESSO NA EQUOTERAPIA
A pessoa portadora de deficiência, para ter
acesso a Equoterapia promovida pelo EPMon, deverá
ser encaminhada pelo médico competente, através
de fichas, expedidas pelo próprio Centro. A
ficha deverá constar o diagnóstico,
detalhando toda a patologia, como também sua
etiologia.
Devendo o Centro e o Médico, manterem o contato,
para que possa haver avaliações periódicas
para constatação dos benefícios
do praticante.
CONTRA INDICAÇÕES
Enumeramos abaixo, situações que podem
sugerir precauções ou mesmo contra indicar
a prática da Equoterapia, segundo a ANDE-BRASIL.
Caso seu paciente esteja dentro de alguma delas e,
assim mesmo, for considerado que ele pode se beneficiar,
o médico deverá justifica-la na ficha
de ingresso do Centro.
1. ORTOPÉDICAS
· Artogripose;
· Instabilidade atlantoaxial - (esta alteração
pode ser encontrada na síndrome down. O Rx
esclarece);
· Craniotomia;
· Luxação ou deslocamento do
quadril;
· Osteoporose - (de moderada a severa);
· Osteogênese imperfeita com faraturas
freqüentes e escoliose significativa;
· Fusão ou fixação cirúrgica
da coluna;
· Orteses espinhais;
· Cifose e lordose - (se há desencadeamento
de dor com atividades físicas);
· Escoliose se a curvatura foi maior que 30
graus;
2. NEUROLÓGICAS
· Hidrocefalia com shunt e sem controle cervical;
· Distrofia muscular e miopatia - (se o paciente
referir fadiga fácil);
· Mielodisplasias, milomeningocele, espinha
bífida cística - (se o paciente tem
dificuldade em manter uma postura sentada confortável,
sem provocar lordose ou cifose excessiva);
· Medula presa;
· Mal formação de chiari - (se
o paciente não estiver bem controlado);
· Eplepsia com crises atônicas sem controle
ou com qualquer tipo de crise - ( se as mesmas se
repetem muitas vezes no dia);
· Aneurisma ou angioma cerebral, não
resolvido cirurgicamente;
· Distúrbio de hiperatividade com déficit
de atenção - ( se o paciente tem tendência
a agressividade e maus tratos a animais).
3. PSIQUIÁTRICOS
· Confusão mental;
· Psicose caracterizada por auto e heteroagressividade;
· Tendência a delírios;
· Oscilações do estado mental.
4. OUTRAS CAUSAS
· Hipertensão sem controle;
· Distúrbio vascular periférico;
· Asma ou alergia a pêlo de animal;
· Distúrbios cardíacos - (congênitos,
uso de marcapasso, infartos repetidos);
· Diabetes sem um bom controle.
AS SEÇÕES DE EQUOTERAPIA
As seções de equoterapia são
ministradas no pátio interno do Esquadrão
de Polícia Montada. Sendo programado um tempo
de 30 minutos por seção a cada praticante.
Primeiramente, a equipe interdisciplinar reuni-se
para avaliar o laudo médico do praticante,
com o objetivo de montar um programa terapêutico
mais eficaz para a reabilitação, minimização
dos traumas da Pessoa Portadora de Deficiência
e/ou Necessidades Especiais.
Dentro da Equoterapia são observados os seguintes
programas de inserção do praticante:
· Na hipoterapia: Este programa caracteriza-se
pela incapacidade física e/ou mental do praticante
em se manter sozinho sobre o cavalo. É necessário
um terapeuta montado juntamente com este, dando-lhe
segurança ou, como em alguns casos, acompanhando-o
a pé, oferecendo-lhe apoio na montaria. Nesta
fase o programa é essencialmente da área
de reabilitação. O cavalo é usado
principalmente como instrumento cinesioterapêutico.
"GG" satisfação que vence
o medo.
· Educação e Reeducação:
Aqui o praticante já apresenta condições
de se manter sozinho sobre o cavalo, onde já
consegue interagir com o animal. Por tal motivo, depende
menos do terapeuta que não mais monta junto,
somente o acompanha lateralmente. O cavalo continua
propiciando benefícios pelo seu movimento tridimensional
e multidirecional e o praticante passa a interagir
com mais intensidade. Os exercícios realizados
neste momento são tanto na área reabilitativa
como na área educativa.
· Pré-esportiva, Neste programa o praticante
tem boas condições para atuar e conduzir
o cavalo sozinho, podendo participar de exercícios
específicos de hipismo. Ele passa a exercer
maior influencia sobre o animal, que é utilizado
como instrumento de inserção social.
Também pode ser aplicado nas áreas reabilitativa
e/ou educativa. Para muitos praticantes, esta fase
não é alcançada, devido a sua
patologia.